segunda-feira, 2 de setembro de 2013

matrizes culturais do Brasil

Texto 2º. Ano Ensino Médio

                                                 Matrizes culturais do Brasil

    A constituição étnica da população brasileira é formada por três principais grupos: o indígena, o branco e o negro africano.Vamos ter noções de conceitos fundamentais relacionados ao conteúdo, como miscigenação, raça e etnia, preconceito e discriminação.
Alguns registros culturais podem despertar “a diversidade étnica da população brasileira”. Observe a figura “Monumento às nações indígenas” na página 3 do caderno do aluno: essa obra é uma das mais expressivas obras do artista plástico Siron Franco. Criado em 1992 e construído em Aparecida de Goiânia (GO), quando visto do alto mostra a silhueta do mapa do Brasil. São 500 totens quadrangulares ou triangulares com imagens da iconografia indígena em baixo-relevo em suas faces laterais, além de esculturas de objetos, utensílios ou rituais sagrados dos diferentes povos indígenas, todos reproduzidos minuciosamente em concreto a partir de peças datadas de época pré-cabralina (antes de Pedro Álvares Cabral). Os índios contribuíram muito para a formação da cultura brasileira: culinária, instrumentos musicais, nomes de lugares, a presença de palavras indígenas no português falado no Brasil são alguns exemplos.
a pintura “Navio de emigrantes”, do artista moderno Lasar Segall (1981-1957). Somos multiculturais por formação: os imigrantes contribuíram muito na formação da população brasileira ao lado de outros grupos e culturas, como portugueses, indígenas e africanos. Inúmeras levas de estrangeiros chegaram ao país, principalmente ao longo do século XIX e nas primeiras décadas do século XX. A emigração envolve o drama dos envolvidos, que abandonaram seu país de origem, a interrogação sobre a terra futura e a nostalgia da terra passada.
       No século XX, mais um grupo étnico veio participar da formação da população brasileira: o asiático, representado, principalmente, pelos japoneses, chineses e coreanos
Etnia corresponde a um agrupamento humano cuja unidade repousa na comunhão de língua, cultura e de consciência grupal. Podem existir, em uma etnia, traços físicos comuns, entretanto não são eles que a definem, e sim o sentimento de pertencer ao agrupamento ou à comunidade. O termo raça, por sua vez, largamente utilizado no passado, é hoje considerado impróprio, pois a ciência já constatou que, no sentido biológico, não existe raça humana.
        Durante muito tempo utilizou-se a miscigenação da nossa população, isto é, o cruzamento entre grupos étnicos, para se afirmar que no Brasil sempre existiu uma “democracia racial”. No entanto, essa visão é hoje considerada um mito, pois obscurece a realidade do preconceito e da discriminação ainda presentes na sociedade brasileira. No passado, tal mito disfarçava o preconceito de cor em relação ao indígena, ao negro e aos mestiços e, também, o preconceito social determinado pela renda e pelo status social. Serviu de forma admirável à classe dominante para mascarar as opressivas relações étnicas e sociais no Brasil.
Os gráficos “População brasileira segundo a cor”, na página 7 do caderno do aluno, apresentam os recenseamentos da população brasileira elaborados desde 1950: com exceção do realizado em 1970, sempre fizeram o levantamento da população segundo a cor dos indivíduos. No entanto, esses dados merecem uma análise mais crítica, entre outras razões, em virtude:
- de ser autodeclarados (declaração em que o declarante declara algo sobre si mesmo), uma vez que o IBGE solicita que cada indivíduo se reconheça em um dos poucos parâmetros relativos a cor previstos no instrumento da pesquisa;
- de esses parâmetros serem imprecisos – como, por exemplo, a noção de pardo, que abrange descendentes tanto de africanos quanto de indígenas, e a noção de amarelo, que engloba indivíduos indígenas, japoneses, coreanos, chineses e seus descendentes. Esse problema, embora não resolvido, foi minorado no censo de 2000 realizado pelo IBGE, conforme atesta o gráfico relativo ao ano de 2001, no qual se nota que os indígenas foram agrupados separadamente dos orientais.
            Por último, os dados de 2006 mostram a consolidação de um movimento, sinalizam que mais pessoas em nosso país estão assumindo sua cor de pele, abrindo mão, assim, de uma ideologia de fundo racista que as fazia desvalorizar sua cor. Nos últimos anos, o fortalecimento do movimento negro e a transformação positiva da imagem pública das pessoas desse grupo em nossa sociedade vêm crescendo
 A evolução demográfica do Brasil é subdividida em dois grandes períodos e, a partir da noção de transição demográfica, iremos comparar com a verificada em outros países. Além da queda acentuada nas taxas de mortalidade e de fecundidade a partir da acelerada urbanização, vamos verificar outros fatores responsáveis pela variação das taxas de natalidade no Brasil. Algumas notícias e opiniões veiculadas pela mídia tratam questões relacionadas ao processo demográfico brasileiro de modo equivocado, difundindo preconceitos e desinformação. O que vocês pensam em relação ao futuro familiar que os aguarda? Que tipo de família que pretendem ter e quais os métodos contraceptivos que vocês conhecem?
Coletar e estudar dados populacionais colaboram com os governos a desenvolver projetos de gestão pública adequados às reais necessidades da população e atua como uma forma de planejar o nosso próprio futuro. O crescimento populacional decorre de duas variáveis: o saldo entre o número de imigrantes (pessoas que entram no país) e o número de emigrantes (pessoas que deixa o país) e o saldo entre o número de nascimentos e o número de óbitos. Esta última variável constitui o crescimento natural ou vegetativo. No caso do Brasil, este último processo é de grande importância, pois a imigração só teve influência significativa no crescimento populacional no final do século XIX até 1934, quando foi promulgada a Lei de Cotas, que restringiu drasticamente a entrada de imigrantes no país.
A taxa de mortalidade expressa a proporção entre o número de óbitos e a população absoluta de um lugar, em determinado intervalo de tempo. A taxa de natalidade expressa a proporção entre o número de nascimentos e a população absoluta de um lugar, em determinado intervalo de tempo.
Observando no gráfico “Crescimento populacional brasileiro entre 1872 e 2000 e projeções para 2010 e 2020”, na página 13 do caderno do aluno, podemos analisar dois grandes períodos da dinâmica geográfica brasileira:
- o período da aceleração demográfica, que aconteceu entre 1940 a 1960: taxas de natalidade elevadas, enquan­to as taxas de mortalidade começaram a declinar de forma significativa, em razão do maior acesso à rede médico-hospitalar, dos avanços da medicina e das vacinações em massa, gerando, em conseqüência, gran­de crescimento vegetativo ou natural da população brasileira. A partir do ano de 1960, iniciou-se um declínio do crescimento po­pulacional brasileiro mostrado através das quedas percentuais de 35,1%, em 1960, para 15,6%, em 2000 (de acordo com projeções do IBGE para 2010 e 2020, o declínio do crescimento popula­cional brasileiro deverá continuar). As princi­pais causas da queda do crescimento populacional são a revolução da tecnologia bioquími­ca, o aumento do número de pessoas com acesso à rede médico-hospitalar, às vacina­ções em massa e à melhoria das condições sanitárias, que contribuíram de forma signi­ficativa para a queda acentuada das taxas de mortalidade.
 o segundo período, o da desaceleração demográfica e transição em curso, aconteceu a partir de 1970 até os dias atuais: houve reduções consideráveis das taxas de natalidade, seguidas de pequena diminui­ção das taxas de mortalidade, o que refletiu na diminuição do crescimento natural da população brasileira. Algumas transformações ocorridas no Brasil explicam a queda das taxas de natalidade, tais como a crescente urbanização, o aumento da taxa de escolarização, a entrada da mulher no mercado de trabalho e a popularização da pílula anticoncepcional e de outros métodos contraceptivos. O conjunto desses fatores favoreceu a redu­ção do número de filhos, muitas vezes tra­duzida pelo planejamento familiar.
            A taxa de fecundidade consiste no número médio de filhos que as mulheres têm no decorrer de suas vidas, em determinada população. Para obter essa taxa. divide-se o total dos nascimentos pelo núme­ro de mulheres em idade reprodutiva (de 15 a 49 anos) da população considerada.
            O gráfico “Brasil: taxa de fecundidade por anos de estudo das mulheres”, na página 16 do caderno do aluno, indica que as taxas de fecundidade diminuem sensivelmente conforme aumentam os anos de estudo das mulheres. As diferentes taxas de fecundidade entre as grandes regiões brasileiras são explicadas pelas diferenças regionais de desenvolvimento econômico, o que implica maior nível educacional da população e a significativa presença da mulher no mercado de trabalho, entre outros fatores. Mulheres com baixo grau de instrução apresentam as maiores taxas de fecundidade.
            Com o auxílio do gráfico “Brasil: redução da taxa de fecundidade”, na mesma página, verificamos a queda da taxa de fecundidade no Brasil começou na década de 1970. Naquela década, a média de filhos por mulher era 5,8 (quase 6 filhos), em 2006 caiu para 2 filhos por mulher e em 2007 esse índice baixou para 1,95 filho por mulher. Segundo o IBGE, uma taxa de fecundidade inferior a 2,0 filhos por mulher não garante a reposição da população atual, demonstrando uma tendência de que o número de habitantes poderá diminuir em números absolutos. A redução do núme­ro médio de filhos por mulher vem caindo em todo o mundo. Particularmente no Brasil, iniciou-se com as mulheres das classes mé­dia e alta dos centros urbanos do Sul e do Sudeste - que apresentavam maior taxa de escolarização e tinham mais acesso as infor­mações – e, pouco a pouco, atingiu as demais classes sociais e regiões (estendendo-se, atualmente, pelas áreas rurais). Entre as regiões brasileiras, em 2005 a Norte tinha o maior ín­dice de fecundidade (2,5 filhos por mulher), e a Sudeste, o menor (1,9 filho por mulher).
Como existe uma estreita relação entre desenvolvimento econômico e taxa de fecundidade, pelas razões apontadas anteriormente, nos países "desenvolvidos" ou industrializados, de modo geral, as taxas de fecundidade são baixas quando comparadas às dos países "subdesenvolvidos" (a taxa de fecundidade dos países "desenvolvidos” situa-se em torno de 1,0).
O gráfico de transição demográfica, no canto inferior esquerdo do mapa “Mundo: estágios de transição demográfica”, na página 31 do caderno do aluno, expressa como ocomportamento das taxas de natalidade e de mortalidade de uma popula­ção, no decorrerde um período mudam. Essa noção se refere à transição entre duas situações de crescimento demográfico relativa­mente reduzido. O período pré-transicional é conhecido como regime demográfico tradicio­nal, e é definido por apresentar uma alta taxa de mortalidade e por uma taxa de natalidade também elevada. Em seguida, observe que na Fase I da transição demográfica ocorre a redução das taxas de mortalidade (linha lilás) e registra-se um elevado crescimento vegetativo (natalidade, a linha verde) da população. A Fase II, por sua vez, caracte­riza-se pela redução das taxas de natalidade e, por último, na Fase III,  período pós-transicional, conhecido como regime de­mográfico moderno,definido por baixas taxas de mortalidade e de natalidade e, conseqüentemente, do crescimento vegetativo.
O Brasil, segundo estudos do IBGE, encontra-se na fase de transição demográfica em curso (Fase II), caminhando para a de transição demográfica avançada, que se caracteriza pela diminuição acentuada das taxas de natalidade e de fecundidade e, conseqüentemente, pelo crescimento populacional moderado. Segundo estimativas, nos próximos anos a taxa de natalidade deverá ser inferior a 20, e a de fecundidade deverá declinar ainda mais.
         Vamos  observar  quatro pirâmides etárias do conjunto de países emergentes, conhecidos pela sigla BRIC: Brasil, Rússia, Índia e China (“BRIC: composição da população residente, por sexo, segundo os grupos de idade”). Estes países, considerados economias emergentes, apresentam estruturas etárias bem diferenciadas, tornando-se, portanto, um excelente material de análise acerca de como devem ser lidos e interpretados os gráficos corres­pondentes às pirâmides etárias. A análise da pirâmide etária oferece diversas informações sobre a população de um país, como a quanti­dade de habitantes por faixa etária, a propor­ção por sexo e a porcentagem de pessoas em idade produtiva (ou seja, as que se encontram entre 10 e 65 anos) no total da população. Para interpretar uma pirâmide etária, devemos observar os seguin­tes critérios:
- no eixo das abscissas (horizontal), registra-se a proporção de habitantes em cada faixa etá­ria; no eixo das ordenadas (vertical), as faixas de idade;
- os dados da base ao topo correspondem à quantidade de popu­lação em cada faixa etária de acordo com o gênero (à esquerda, população do sexo masculino; à direita, do sexo feminino);
- observamos diferenças entre a quantidade de popula­ção masculina e de população feminina em cada faixa etária correspondente;
- quando a diferença entre a parcela intermediária - entre 15 e 60 anos, que corresponde à idade produtiva - e a base da pirâmide for acentuada, o país terá um descompasso en­tre a população em idade produtiva e os que deverão ser sustentados (crianças e idosos);
- o vértice (ponta) em relação ao resto da pirâmide: ele (vértice) apresenta a quantidade de população de ido­sos em relação ao resto da pirâmide;

As mudanças na di­nâmica demográfica brasileira influem diretamente nas políticas públicas de planejamento e de atendimento social. Ao comparar a pirâmide brasileira com as outras, verificamos que as pirâmides da Rússia e da China mostram uma estrutura etária mais envelhecida, enquanto a estrutura da Índia é jovem. A pirâmide russa apresenta maior quantidade de mulheres do que de homens, principalmente nas faixas acima dos 65 anos, em virtude dos vários conflitos internos e das guerras pelos quais o país passou em sua história, o que afetou diretamente o contingente masculino. Quanto à pirâmide brasileira, as quedas dos níveis de fecundidade e mor­talidade nos últimos 40 anos evidenciam que o país está passando por uma fase de transição, fazendo com que o desenho de sua pirâmide etária apresente mudanças ao longo do tempo, passando de uma estrutu­ra jovem nas décadas de 1960, 1970 e 1980, para uma bem menos jovem projetada para o período 2005-2010.

Um comentário:

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