terça-feira, 14 de junho de 2016

Os deserdados na nova ordem mundial

                                         Os deserdados na nova ordem mundial

A Nova Ordem Mundial – ou Nova Ordem Geopolítica Mundial – significa o plano geopolítico internacional das correlações de poder e força entre os Estados Nacionais após o final da Guerra Fria.
A primeira expressão que pode ser designada para definir a Nova Ordem Mundial é a unipolaridade, uma vez que, sob o ponto de vista militar, os EUA se tornaram soberanos diante da impossibilidade de qualquer outro país rivalizar com os norte-americanos nesse quesito.
A segunda expressão utilizada é a multipolaridade, pois, após o término da Guerra Fria, o poderio militar não era mais o critério principal a ser estabelecido para determinar a potencialidade global de um Estado Nacional, mas sim o poderio econômico. Nesse plano, novas frentes emergiram para rivalizar com os EUA, a saber: o Japão e a União Europeia, em um primeiro momento, e a China em um segundo momento, sobretudo a partir do final da década de 2000.
O sistema mundial, moldado pela força das potências e por seus interesses, permite equilíbrio e funcionamento nas relações interna­cionais, mas gera uma profusão (grande quantidade) de terríveis efeitos colaterais.Muitos Estados nacionais territoriais re­centes, surgidos da descolonização (liberta­dos de uma ordem colonial que os oprimia) se inserem apenas marginalmente nessa nova ordem e, condenados ao isolamento, tendem a se desagregar, a se decompor. Freqüentemente são vitimados por terríveis conflitos regionais e internos, cujo índice de mortandade encon­tra-se entre os mais terríveis da humanidade, como nos exemplos recentes de Ruanda e Ser­ra Leoa, no continente africano. Desde a Se­gunda Guerra Mundial, 20 milhões de pessoas morreram nesses conflitos regionais.
            Outros países ainda procuram se erguer e se reorganizar após terem sido vítimas de guerras terríveis, que regionalizavam o confronto entre as superpotências na ordem mundial anterior. Esse é o caso do Vietnã, país vitimado por uma guerra horrível com os EUA. Guerra, aliás, que serviu para diminuir, na época, o desembaraço da ação geopolítica americana em vista da der­rota dos Estados Unidos. Esse é o caso também do Afeganistão, invadido pela URSS nos anos 1980. Outro caso a ser notado é a terrível guerra entre Irã e Iraque, estimulada pelas potências do mundo ocidental (EUA à frente), que ar­maram e tornaram poderoso Saddam Hussein, o mesmo que recentemente ameaçava a paz mundial, segundo a alegação dos EUA. Outros exemplos podem ser lembrados, e muitos ainda estão sangrando a despeito do equilíbrio "civi­lizado" que mantém a ordem mundial. Uma or­dem mundial que tem vários deserdados.



                                                    O Drama dos refugiados

 tendência dos refugiados é se dirigir às regiões imediatamente vizinhas, mas há também a existência minoritária de fluxos de refugiados percorrendo grandes distâncias, até os EUA, por exemplo (normalmente refugiados europeus e do Oriente Médio).
Os refugiados africanos vão para os países vizinhos e apenas uma minoria conse­gue fugir para a Europa. Esses refugiados são: vítimas da decomposição social, territorial e nacional dos países do cen­tro da África e do oeste (Ruanda, por exemplo) e das guerras que surgem em conseqüência dessa decomposição; vítimas da instabilidade do Oriente Médio, e da atual guerra no Iraque; vítimas da guerra civil na antiga Iugoslávia (Bósnia-Herzegovina, Kosovo, por exemplo), produto da desa­gregação do socialismo e; vítimas ainda da Guerra do Vietnã e da instabilidade que ainda reina na­quela região.


                                      Texto sobre a Criança soldado nesses países


Quando Ishmael Beah tinha 12 anos – e Serra Leoa já sofria com os ataques realizados pela Frente Unida Revolucionária –, ele teve contato com os primeiros refugiados produzidos pelo início da guerra civil, que passavam por seu vilarejo e contavam histórias terríveis. [...]Beah ainda não sabia que dentro de alguns meses, em 1993, seria a vez dele de fugir dos rebeldes e, aos 13, seria obrigado a se juntar ao Exército, tornando-se uma das milhares de crianças--soldado que lutariam na guerra civil que deixou milhares de mortos no país de 5 milhões de habitantes. [...] Para Beah, um ano foi tempo suficiente para ter sua vida completamente modificada. Dos banhos de rio e partidas de futebol, nada restou. A única preocupação era sobreviver. Na fuga, perdeu-se de toda a sua família. Passou fome, escapou da morte, presenciou assassinatos [...]. Quando acreditava que havia alcançado a segurança, recebeu um ultimato do Exército: todos os “homens” teriam que pegar em armas ou então deixar a cidade. Era matar ou morrer. [...] Antes da batalha, as crianças recebiam anfetaminas [...]. Para completar, havia a lavagem cerebral. “Eles manipulam a raiva que você tem por dentro por ter perdido a família .Eles diziam: “Você perdeu sua família e esses caras são responsáveis por isso. Precisa vingá-los”. Você não tem outra escolha a não ser acreditar neles”, diz Beah.

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